Luiz da Rocha - Gaia Scienza - óleo/tela - 2005
Um passo para
trás. Vila Nova de Gaia 2005. Um atelier que ocupei durante 8 meses. Actividade
intensa e agradável, que finalizei com uma série de quadros longos e estreitos,
em posição horizontal, para pintar energicamente o mar visto do Restaurante Ourigo,
aonde ia todos os dias após o dia de actividade no atelier de Gaia, para beber
um aperitivo e encontrar os amigos, sobretudo o Ricardo Morgado e o Dominique
Lopes , que foram sempre de alegre companhia.. Lá instalava-me numa mesa junto
às janelas e podia contemplar o oceano, e desfrutar de um espanto todos os
finais de dia. As três estações deram-me a oportunidade de bem apreciar as
variações do por do sol. Barcos e cargueiros, por vezes um ou outro veleiro, um
paquete, por lá desfilavam e pontuavam o horizonte. Então um belo dia rompi com
os meus hábitos de factura e pus-me a pintar essa série, quase naturalista,
algo expressionista, como um homenagem a um lugar que marcou definitivamente a
minha alma.
O quadro acima é
da série “Gaia scienza”. Nada de mais natural que em Gaia, realize quadros em
referência ao lugar e a um dos meus livros favoritos, a “Gaia scienza” de
Nietzsche. Foi uma série notável, um prazer intenso ao fazê-los. Esgotado o veio,
nada de mais natural que aventurar –me numa factura invocativa de tantos meses
de alegria. Escrevo isto, num recuo necessário para afirmar a nova veia que formalmente
nada tem a ver com estas séries. No entanto a forma não é o estilo e é no
estado de espírito que invisto e aí decerto para quem tem olhos para ver, o
estilo surge na dimensão que é explícita à arte. É essa a minha aposta, como
sempre o foi.
|
Sem comentários:
Enviar um comentário