sábado, 12 de novembro de 2011

Luiz da Rocha - Christophe desenha - Afife

Olhar bem. Bem observar. 
É assim que a Arte pode surgir, ou só surgiria uma dessas criaturas de lenda? A Arte desenvolve lendas ?
Uma lenda na areia. A areia das lendas. Tantos grãos de areia como lendas que foram, são e serão? 
Também havia contos ao serão. Mas isso era noutra era.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Luiz da Rocha - Shooting Star #2 Serie


Se os cogumelos têm um espíritozinho, os cogumelos raros proporcionam espíritozinhos muito simpáticos e agradáveis. Aqui está um cogumelo raríssimo com uma espíritozinha acolhedora, creio eu. Ou será que não?

Esta série propõe, figuras do âmbito do mundo feérico, para aprender a vislumbrar o sobrenatural, uma etapa, possível para poder ver algo de mais elevado. 

É verdade que estas obras parecem simples, mas na realidade, resultam de mais de 40 anos do meu labor nas artes, observação da vida, educação da visão e despojamento dos condicionamentos escolares, académicos e institucionais. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2011




Plena expansão da descoberta das dobragens, como se cada dia fosse a infância do mundo. Cada dia pode ser criança da vida. Cada dia oferece um Reino.





quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Luiz da Rocha - Shooting Stars



Enfim, já comecei a compor a segunda série das "Shooting Stars". Preferi o nome da série em inglês, pois que em português, estrelas cadentes soava negativamente; Cedente - decadente, cai, queda. Ora o meu intuito é de ascender, Estrelas Ascendentes, poderia ser o nome genérico desta série.
São obras muito frágeis e delicadas. como o são as Estrelas Ascendentes. Fazer um voto, que é algo de que nos torna vulneráveis, um voto é um desejo e um desejo por meio de muitos outros desejos, torna-nos frágeis, ou se for sempre o mesmo, torna-nos maníacos. É por isso que é importante desejar e ser vulnerável, o que pode muito bem comportar, construção do nosso ser, descoberta, investigação, conhecimento, crescimento. Crescer faz doer. Sempre as dores desde o berço até à morte. Crescer faz doer. Pode ser que a dor seja o efeito da passagem da seiva, dum sangue cósmico, intensamente presente, terreno, pois é o sítio   a que nos habituamos envolvido na Via Láctea.
Esta peça, potencializa uma lenda, um conto. Prefiro lendas a contos ou contos que são lendas. Lenda é acto que estimula, é língua do despertar. A história se é levada a sério, exclui-nos da existência, aliena-nos da nossa dignidade. É só derrotas e ressentimentos. A Arte post-contemporânea, forma-se de na lenda e não na história. Se a arte existe, ela é lenda, só assim a podemos apreciar, acompanhar, entender, ver.
É mais razoável, concreto e viável ter nos nossos braços uma sereia, do que a certeza de um abraço amigável. 

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Luiz da Rocha - Gaia Scienza - óleo/tela - 2005

Um passo para trás. Vila Nova de Gaia 2005. Um atelier que ocupei durante 8 meses. Actividade intensa e agradável, que finalizei com uma série de quadros longos e estreitos, em posição horizontal, para pintar energicamente o mar visto do Restaurante Ourigo, aonde ia todos os dias após o dia de actividade no atelier de Gaia, para beber um aperitivo e encontrar os amigos, sobretudo o Ricardo Morgado e o Dominique Lopes , que foram sempre de alegre companhia.. Lá instalava-me numa mesa junto às janelas e podia contemplar o oceano, e desfrutar de um espanto todos os finais de dia. As três estações deram-me a oportunidade de bem apreciar as variações do por do sol. Barcos e cargueiros, por vezes um ou outro veleiro, um paquete, por lá desfilavam e pontuavam o horizonte. Então um belo dia rompi com os meus hábitos de factura e pus-me a pintar essa série, quase naturalista, algo expressionista, como um homenagem a um lugar que marcou definitivamente a minha alma.
O quadro acima é da série “Gaia scienza”. Nada de mais natural que em Gaia, realize quadros em referência ao lugar e a um dos meus livros favoritos, a “Gaia scienza” de Nietzsche. Foi uma série notável, um prazer intenso ao fazê-los. Esgotado o veio, nada de mais natural que aventurar –me numa factura invocativa de tantos meses de alegria. Escrevo isto, num recuo necessário para afirmar a nova veia que formalmente nada tem a ver com estas séries. No entanto a forma não é o estilo e é no estado de espírito que invisto e aí decerto para quem tem olhos para ver, o estilo surge na dimensão que é explícita à arte. É essa a minha aposta, como sempre o foi.



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Luiz da Rocha - "A caminho das ilhas Felizes"- Aquarela - 2011


Um modo de espantar, afastar o totalitarismo niilista que se vai aos poucos e poucos instalando, é precisamente, a maneira de anunciar (e não denunciar), a Alegria, a Serenidade, a Liberdade, a Criatividade, a Luz, a Dignidade do Ser Humano, o seu direito à Vida, à liberdade de escolha e de movimento. Uma música suave, uma possibilidade de Arte sem concorrência e rivalidade, mas com exigência, muita exigência, tentando desse modo atingir uma Harmonia secular que parece estar obstruída nestes últimos decénios, por um conjunto muito poderoso de redes internacionais de cultura, que se observarmos bem e reflectirmos um pouco, deparamos com uma espécie de sombra, da conquista do Extremo Capitalismo Financeiro. É tão simples, como isso, o resto é especulação fala-barato e vazia de sentido, pois que não vai além dum niilismo tóxico. Pleonasmo, pois que o niilismo é abismo e não conduz a nenhum sítio.


domingo, 6 de novembro de 2011

Desejenhar é como bailar

Luiz da Rocha - Monotype 1997- Atelier René Tazé -Paris



Hoje fui dar uma vista de olhos ao fundo das gavetas e escolhi este monótipo de dimensões muito reduzidas 12x8cm, nem mais nem menos. Vou retomar o tema e adaptá-lo às técnicas que desenvolvi nestes últimos tempos, em que me reconcilio com a minha prática na área da pintura. Após um período muito longo de desânimo ou de cepticismo, acabei por ser de novo atraído pelo baile das cores, considerando o preto e branco como cor; é melhor redizê-lo do que esquecê-lo. Baile e dança é algo que aprecio muito, desenhar, pintar, recortar, colar, construir, é um baile sem falha e sem fatiga que pode durar horas a fio. Para pintar e desenhar é preciso dançar e bem dançar, Nada de atropelos, nem de espasmos. Ouvir a melodia de olhos fechados e seguir a onda. Por isso agora nomeio a minha prática de desejenho, que como é patente, é a contracção de desenho e desejo. Desejo de Luz, de mais Luz. Ainda e sempre Luz, que é Música e mais Música, para continuar sem parar, a dançar. Uma obra é uma sala de baile. É então que os olhos voltam a abrir-se para sorrir à existência. Sorriso de olhos, sorriso que é Arte.